No dia 12 de Abril, a convite do Centro Social e Paroquial de Recarei, apresentei o livro "A girafa que comia tudo" aos alunos da creche. Sendo professora do 1º ciclo e mais habituada com crianças num estágio de desenvolvimento mais avançado, houve necessidade de algum trabalho de pesquisa de forma a adaptar estratégias a crianças mais novos.
Os primeiros anos de vida de uma criança, são marcados por grandes descobertas e transformações. É nessa fase que começa a entender o mundo em que vivem, aprende a lidar consigo mesmo e com os outros. O desenvolvimento infantil, engloba aspetos físicos, emocionais, sociais e cognitivos. Para um bom desenvolvimento, a criança precisa de um ambiente acolhedor, estimulante, ou seja, um bom livro.
A prática da leitura é
extremamente importante para estimular e até mesmo acelerar o desenvolvimento
cognitivo, lógico e crítico da criança, além de despertar sua imaginação.
Quando ouve uma história, a
criança sente parte da narrativa, imagina os cenários e personagens, e aprende
lições importantes, que levará para toda a vida.
É também o seu primeiro contacto
com as letras, o alfabeto e o fantástico universo da leitura.
Nos primeiros 2 anos de vida, é
possível expô-la à língua e ajudá-la a desenvolver áreas semânticas do cérebro,
ou seja, áreas que ligam as frases aos seus significados, formando um quadro
mental imaginativo. É na linguagem, segundo Vigotstky que a criança vai
construindo a sua representação mental do mundo que a rodeia e no contacto com
o outro.
Leitura é uma prática que traz
inúmeros benefícios e quando estimulada desde a infância os impactos positivos
podem ser muito maiores. Por meio dela, as crianças desenvolvem a concentração,
memória, raciocínio e compreensão, estimulam a linguagem oral e ampliam a
capacidade criativa. Os benefícios estendem-se para o fortalecimento de
vínculos afetivos, quando o momento é compartilhado, e para as habilidades
socioemocionais, uma vez que, por meio da leitura, as crianças começam a
entender seus sentimentos e a tentar lidar com eles.
Através da contação de histórias
e, mais tarde, da alfabetização, a literatura estimula diferentes habilidades
nas crianças. Os livros apoiam o desenvolvimento da linguagem, a ampliação de
vocabulário, a criatividade e a descoberta do mundo imaginário, por exemplo. A
leitura deve ser introduzida de forma natural no dia a dia das crianças, e não
deve ser algo imposto.
As crianças nesta idade encontram-se, segundo Piaget (1977), nos seguintes estágios de desenvolvimento
Desenvolvimento cognitivo:
• Olha
para as pessoas dentro do seu campo de visão.
• Fase
da descoberta! O bebé está mais atento às pessoas e ao que se passa em seu
redor. Volta a cabeça instantaneamente quando ouve um barulho.
Desenvolvimento da linguagem:
• Emite sons compostos por uma ou duas
sílabas.
• Emite sons para transmitir emoções.
• Reage, vocalizando e virando a cabeça, como
reação aos sons que a rodeiam.
• Dá gargalhadas.
Desenvolvimento emocional
• Consegue
manipular muito bem
• Adora
objetos que emitam sons.
• Levanta
as mãos e estende os braços para tocar nas pessoas ou objetos.
Desenvolvimento social
• Reage
negativamente face a estranhos a partir dos 7 meses.
• É
amistoso com estranhos a não ser que o assustem ou não esteja presente nenhum
adulto que lhe seja familiar.
• Gosta
de brincar com brinquedos e pessoas.
• Gosta que leiam para ele.
Escolher um livro que se adeque a esta faixa etária acabou por não ser tão complicado. Apesar do livro “A girafa que comia tudo” ser uma coletânea de poemas, após esta pesquisa tornou-se claro que a estratégia usada para chegar aos mais pequenos deveriam partir dum conjunto de atividades motivadoras, acolhedoras e sobretudo estimulantes. Algo que apelasse aos sentidos – sons, ruídos, cores, músicas, gestos…tudo de forma a captar a atenção deste ovem público.
Foi escolhido o poema “A princesa pop star”, poema nº 13 da página 18 do livro que foi esmiuçado de forma que as crianças compreendessem e assimilassem a história à medida que ia sendo lida. O poema foi dividido em quadras, às quais foram correspondidas imagens apelativas. Ao todo foi associada a música de fundo infantil “À la claire Fontaine”, música tradicional infantil francesa. As rimas foram enfaticamente dramatizadas e exploradas, apresentadas em material colorido, com ilustrações grandes e chamativas, sendo que foi notória a atenção por parte das crianças ao longo de todo o poema. Os sons, as cores, a música, a voz modelada, ajudaram a cativar as crianças que acompanharam a história, com repetições de palavras, de gesto, sorrisos, saltinhos…
Evidentemente, houve necessidade inicialmente dum acolhimento com uma canção de Bons Dias, tendo terminado a apresentação com uma “suposta” canção da Princesa, já conhecida dos meninos “Gosto de flores” por coincidir com a época da primavera.
As crianças puderam observar e
replicar gestos e com portamentos, explorando oportunidades lúdicas, de forma a
incorporar a leitura na rotina da criança.
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