A língua é um dos meios privilegiados que o homem utiliza para se expressar e comunicar com o outro. A linguagem é usada no pensamento e aquisição e assimilação da informação
Assim sendo, a nossa língua materna, neste caso o português, é o modo mais naturalmente aprendido que se utiliza para comunicar. Daí a importância que a língua portuguesa tem na vida de todas as pessoas que vivem em Portugal, e daí advém a importância que factualmente lhe é dada ao nível do ensino. Segundo Vigostky, a criança adquire a língua inserida num meio.
A criança adquire o entendimento das coisas a partir dos nomes atribuídos aos objetos. O entendimento que ela adquire reflete a ideia coletiva do meio no qual ela está inserida. As próprias cantilenas, cantigas de roda…são veículo duma cultura, duma idiossincrasia que reflete o meio, o grupo onde se insere. A criança vai formando as suas representações mentais com base na linguagem transmitida. A linguagem tem vindo a evoluir ao longo dos tempos, e desde sempre se desenvolveram estudos para saber mais sobre a sua evolução.
A linguagem é um processo contínuo e permanente, ela não é aprendida e fica estanque, mas vai evoluindo com o tempo. Comunicar é um processo humano, e há que encará-lo como um processo evolutivo que vai acontecendo com o próprio desenvolvimento do sujeito.
Deste modo, este processo traduz, de certa maneira, um passado de atitudes, valores, princípios e diversas experiências que marcam o nosso comportamento presente. Na realidade, o modo como comunicamos e pensamos está de acordo com os hábitos e comportamentos das pessoas com quem convivemos, constituindo por isso um processo de aprendizagem que resulta da nossa experiência do passado (Loio & Ançã, 2006, p.19).
O corpo com o tempo também vai adquirindo uma linguagem expressiva e comunicacional que acompanha a linguagem verbal. Desta forma, e tal como acontece com a aquisição da linguagem falada e das suas aceções, isto também se faz através de um processo social e culturalmente adquirido. Assim sendo, “a nossa comunicação emerge do passado cultural da sociedade onde estamos inseridos, transformando os elementos naturais que afetam o ser humano em informações significativas” (Loio & Ançã, 2006, p. 19). Ainda, completando esta ideia, Mancera (1998, p. 7), refere que linguagem verbal e não-verbal refletem o meio no qual está inserida.
Linguagem Falada e Não Falada
Pode dizer-se que a comunicação e expressão do ser humano têm mais impacto se utilizarmos a língua falada em conjunto com a não falada. De um modo geral, “os elementos não verbais ajudam o sujeito a verificar e a certificar-se das intenções da pessoa que fala, reforçando a mensagem verbal” (Loio & Ançã, 2006, p. 23)
No contexto educacional, a linguagem, quer verbal quer não verbal, desempenha um papel muito importante. O processo de aprendizagem pressupõe que o aluno seja capaz de interpretar a linguagem da aula, o que implica, por sua vez, a codificação e a descodificação da linguagem verbal, bem como da não verbal, quer do professor, quer dos colegas (Loio & Ançã, 2006, p. 19)
A língua portuguesa como motor de expressão e comunicação não se quer estanque nos livros da sala de aula, mas na transversalidade e nas potenciais ferramentas que proporcionarão aos alunos uma mais-valia de crescimento pessoal e social ao longo da sua vida.
O português no 1º ciclo
A aprendizagem do Português encontra-se diretamente relacionada com a configuração de uma consciência cultural progressivamente elaborada, no âmbito da qual se vão afirmando e depurando o reconhecimento e a vivência de uma identidade de feição coletiva. Entram nessa identidade coletiva componentes de natureza genericamente cultural, histórica, social, artística, geográfica, simbólica, etc (Reis, 2009, p. 12).
A aprendizagem da língua reveste-se de uma transversalidade que pode ser explorada em todas as outras áreas, criando diversas potencialidades para tornar o seu ensino numa motivação que ultrapassa os manuais escolares e cria nos seus alunos uma motivação para aprender. “O princípio da transversalidade afirma aqui toda a sua relevância, o que significa que a aprendizagem do Português está diretamente relacionada com a questão do sucesso escolar” (Reis, 2009, p. 12).
O português pode e dever ser trabalhado de um modo aprazível. Cria caminhos de acesso a outras áreas do saber e efetivando a sua aprendizagem. “Este ciclo privilegia um desenvolvimento integrado de atividades e áreas de saber, (…) de construção do conhecimento, bem como aprendizagens significativas, essenciais ao seu crescimento pessoal e social” (Reis, 2009, p. 21), logo, não há razão para que a área do português seja olhada e trabalhada como conteúdo estanque, que se cinge aos livros, quando esta se reveste de grande transversalidade, que pode enriquecer todo o trabalho realizado na sala de aula.
As aprendizagens essenciais de português dão grande significação à leitura e escrita, bem como à expressão e comunicação oral e conhecimento explícito da língua. As competências específicas implicadas nas atividades linguísticas que se processam de modo oral são a compreensão do oral e a expressão do oral. As competências específicas implicadas nas atividades linguísticas que se processam de modo escrito são a leitura e a escrita.
Mais diretamente dependente do ensino explícito, formal e sistematizado e sendo transversal a estas competências, o conhecimento explícito da língua permite o controlo de regras e a seleção dos procedimentos mais adequados à compreensão e expressão, em cada situação comunicativa (Reis, 2009, pp. 15-16).
Para aprender a ler e a escrever, antes de mais nada, é preciso que exista uma motivação. Uma criança que não tem motivação para a leitura e para a escrita não consegue compreender os mecanismos necessários para que isto comece a acontecer.
Aprender a ler e a escrever exige perseverança, não acontece de um dia para o outro, e tal como a linguagem numa forma global, este é um processo evolutivo que precisa do empenho por parte do sujeito. Desta forma, “a leitura e a escrita são, com efeito, consideradas partes integrantes do sistema geral da linguagem que os humanos adquirem” (Rebelo, 2001, p. 15).
Orientações Curriculares de Português
Área de Expressão e Comunicação
A Área de Expressão e Comunicação é a única em que se distinguem diferentes domínios, que se incluem na mesma área por terem uma íntima relação entre si, por constituírem formas de linguagem indispensáveis para a criança interagir com os outros, exprimir os seus pensamentos e emoções de forma própria e criativa, dar sentido e representar o mundo que a rodeia.
Estas características levam a considerá-la uma área básica, pois incide em aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem, que permitem à criança apropriar-se de instrumentos fundamentais para a aprendizagem noutras áreas, mas, também, para continuar a aprender ao longo da vida.
Domínio da Educação Física – constitui uma abordagem específica de desenvolvimento de capacidades motoras, em que as crianças terão oportunidade de tomar consciência do seu corpo, na relação com os outros e com diversos espaços e materiais.
Domínio da Educação Artística – engloba as possibilidades de a criança utilizar diferentes manifestações artísticas para se exprimir, comunicar, representar e compreender o mundo. A especificidade de diferentes linguagens artísticas corresponde à introdução de subdomínios que incluem artes visuais, jogo dramático/teatro, música e dança.
Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita – o desenvolvimento da linguagem oral é fundamental na educação pré-escolar, como instrumento de expressão e comunicação que a criança vai progressivamente ampliando e dominando, nesta etapa do seu processo educativo. Importa ainda facilitar, nesta etapa, a emergência da linguagem escrita, através do contacto e uso da leitura e da escrita em situações reais e funcionais associadas ao quotidiano da criança.
O ensino das expressões – uma prática transdisciplinar
Qualquer uma destas áreas é transversal ao nível do ensino e contribui em larga escala para o enriquecimento comum. Chama-se a atenção para a interdisciplinaridade que o português e a expressão dramática e musical têm entre si, sendo que estas poderão ser ferramentas que potenciam qualquer uma das áreas e se enriquecem mutuamente.
“Resulta interesante que la Asociación Nacional para la Educación esté descubriendo la importancia de las artes, en especial del teatro y de la música, para garantizar el éxito en la enseñanza de las matemáticas y la lectura, así como para disminuir los problemas de conducta, mejorar la asistencia estimular la concentración y la disposición de aprender” (Hannaford, 2008, p. 71).
É como se formasse um diagrama, onde estas três áreas se encontram, e juntas contribuem para se melhorarem entre si. (Morín, 1999, p. 45). As crianças deverão atinjam uma perspetiva global do mundo envolvente que as ensine a contextualizar, compreender, concretizar e globalizar.
O professor deve adotar e manter uma atitude transdisciplinar na sua sala de aula para que as crianças experimentem uma situação curricular em que as disciplinas se encontrem coesas entre si. Cabe ao professor articular este trabalho. Cumpre-lhe a tarefa primordial de criar ferramentas para ajudar “al niño a desarrollar capacidades y cualidades: competencia lingüística, sensibilidad literaria, observación, percepción, imaginación, raciocinio, memoria, experiencia domínio diversos jogos. “No olvidemos que estamos ante una experiencia creativa y, por tanto, las posibilidades son múltiples” (Andreés, 2010, p. 37), passando pelas mais simples dramatizações, sombras, marionetes, canções melodias, sons conjugados ou isolados, silêncios, etc. Podemos fazer das nossas salas os melhores palcos da vida dos nossos alunos. Se o fizermos deste modo, já conseguimos o mais importante, envolver os alunos na aprendizagem.
Expressão musical e português
Segundo a mesma autora, también es común que el maestro pida a los niños que le digan alguna de sus canciones favoritas. Él la escribe y la pone al frente, luego pide a los niños que sigan las palabras mientras cantan. Así se establece una relación emocional y racional que es muy importante para el proceso de la memoria, ya que ésta tiene una estrecha conexión con la emoción en el sistema límbico, que formula las relaciones. En todo el proceso de aprendizaje intervienen muchos movimientos y juegos rítmicos (Hannaford, 2008, p. 97).
Aqui, além do jogo simples que envolve o português e a expressão musical, a autora também nos relembra a importância do jogar face à fase de desenvolvimento da criança, uma vez que está ligado biologicamente ao desenvolvimento do sistema límbico e de todo o cérebro. Como já foi referido anteriormente, é a brincar que as crianças aprendem.
Segundo Neto, no livro (Re)Aprender a Brincar, “ao longo do tempo (maturação, crescimento, e aprendizagem), a criança vai desenvolvendo múltiplas capacidades adaptativas através do jogo, que serão decisivas no sucesso de tarefas quotidianas, escolares, artísticas, linguísticas e emocionais, entre outras” (in Condessa, 2009, p. 20).
Expressão dramática e português
Comunicar é uma das características de todos os seres vivos. Comunicar implica trocar algum tipo de informação entre si. Segundo a Moderna Enciclopédia Universal comunicar é um intercâmbio de informação entre duas ou mais pessoas que pode ter também caráter afetivo. O ato da comunicação influi em grau diverso, quer sobre a pessoa emissora da mensagem, quer sobre a recetora, e este é, muitas vezes, o fim pretendido. (…) A linguagem falada ou escrita é a principal forma de comunicação, embora existam outras, tais como a mímica (Oliveira, 1985, p. 260).
Entre os seres humanos existem muitas maneiras de comunicarem uns com os outros. Uma das formas de comunicação é aquela que se faz através das expressões, nomeadamente a dramática e a musical. Nas palavras de Valero, Martínez e Fernández (2009), Expresar (de expreso, claro) significa decir, manifestar por palabras u otros signos exteriores; decir es comunicar, hacer saber al común de las personas (communicare) ideas o sentimientos, transmitir mediante un código común a emisor/es y receptor/es lo que uno posee dando lugar a la comunicación (p. 105)
Qualquer comunicação é uma expressão do ser humano ou o contrário também é verdadeiro, ou seja, que qualquer tipo de expressão traduz em si alguma forma de comunicação. Elas mantêm uma relação dialética, onde uma enriquece a outra. A música e o drama/teatro são formas criativas que o ser humano utiliza para se expressar e para passar informação. Não são estes os únicos, pois qualquer tipo de arte pode e deve ser utilizado como instrumento para expressar e comunicar.
Quanto à expressão dramática, é sabido que utilizar esta vertente como veículo promotor do ensino-aprendizagem “es una sorprendente experiencia de comunicación” (Franco & Ceballos, 2006, p. 21). Desta forma, e baseando-se uma vez mais na opinião de Valero, Martínez e Fernández (2009),
A expressão dramática acompanha a língua e apresenta diversas formas de comunicar para além daquela que é a linguagem verbal, oral ou escrita, mas também o aspeto estético, visual e auditivo, onde entram fatores como a construção das personagens, cenários, adereços, músicas, variações vocais, etc.
No que concerne à comunicação e expressão pela música, “la música también es lenguaje, comunicación. Ese alimento sonoro que está dentro del individuo le permite comunicarse mejor consigo mismo y, a la vez, compartir y comunicarse con los demás” (Gainza, 2002, p. 40).
As melodias ou apenas os sons isolados, remetem-nos para diversos estados, levando-nos a sentir e de alguma forma comunicar connosco.
Uma vez que esta é uma área que tem vindo a crescer gradualmente na sua vertente educacional, deveria começar a configurar outro peso nos currículos, mas principalmente nas salas de aulas. “Dada a importância que se atribui, ou deveria atribuir, (…), podemos, então, entender a música como criação, expressão e comunicação” (Sousa, 2010, p. 66)
As expressões afiguram-se com o um caminho expressivo e comunicacional muito passível de ser seguido, dado que a expressão artística está intimamente ligada com a comunicação, ao mesmo tempo que é encarar “la comunicación desde una perspectiva creativa, activa, lúdica (pero no sólo lúdica), sistematizada… artística” (Valero, Martínez & Fernández, 2009, p. 12). Assim sendo, serão os pilares que deverão estar assentes na prática docente.
MOTIVAÇÃO – O FATOR PRIMORDIAL PARA O RECURSOS ÀS EXPRESSÕES
O que será motivar os alunos? E mais do que isso, em que consiste motivar toda uma turma? E encontrar o cerne da questão, como motivar os próprios professores? A motivação não pode ser só de quem aprende, mas também de quem ensina, e mais ainda, esta motivação dependerá, em larga escala, da motivação grupal, que se torna dialética de enriquecimento mútuo para todos os intervenientes do grupo.
Uma classe motivada é formada por pessoas e coisas que provocam e mantêm uma interação plena de conteúdo e uma atitude de curiosidade em relação aos temas estudados, permitindo aos seus elementos trabalhar e cooperar eficazmente nos temas que lhes interessam (Drew, Olds & Olds Jr, 1997, p. 14).
Segundo Thorne (2008, p. 9), a chave para conseguir motivar está no compromisso que todos os envolvidos tomam para conseguir chegar a melhores resultados. Na maioria das vezes este compromisso implica uma grande criatividade.
Assim, e com o intuito de motivar para uma melhor aprendizagem do português como língua materna, bem como para potenciar as áreas da expressão dramática e musical, o objetivo é trabalhar estas três áreas em conjunto, conjugando-as entre si, de modo a que a finalidade primordial seja uma aprendizagem significativa. (Toro, 2008, p. 37), mas há que pensar com que tipo de estratégias os queremos por a escrever/trabalhar, pois “a motivação de uma criança reside na sua interação com o mundo das pessoas e das coisas que a rodeiam” (Drew, Olds & Olds Jr, 1997, p. 11). Ou seja, se impusermos aos nossos alunos que escrevam sobre algo que não lhes diz absolutamente nada, eles terão grandes dificuldades em ter motivação para escrever e consequentemente isso limitará a sua criatividade. Assim sendo, utilizar as expressões, tanto dramática como a musical, pode servir de mote para o aluno começar a escrever, quer porque isso lhe permite expressar o que sente, quer porque em ambas as situações, a criança pode experimentar, desfazer-se da sua pele e adquirir outra.
Papel do professor
Um passo fundamental para o sucesso das aprendizagens, é a forma como o professor apresenta os desafios aos seus alunos. Quando os professores mostram entusiasmo, os alunos tendem a corresponder a esse mesmo entusiasmo, apesar de, de modo indireto, a atividade corresponder a algo para o qual habitualmente não sentem grande motivação.
Professores que mantém nas suas salas áreas de expressão musical ou dramática, equipadas com jogos e materiais que fomentem a criatividade, podem, por exemplo, seguir a sugestão apresentada por Drew, Olds e Olds Jr (1997). Deste modo é possível fazer com que escrevam sobre o que fazem” (p. 11). Esta é uma estratégia muito viável para levar os alunos a escrever, a ler e a praticar a compreensão e a expressão do oral. O entusiasmo não está diretamente relacionado com desenvolvimento das metas curriculares do português, no entanto está a fazer com que as metas sejam trabalhadas com motivação.
Num sentimento de brincadeira, a criança vai assimilando o que o professor pretende, utilizando como ferramentas a expressão dramática e musical, e transformando o peso de aprender em algo lúdico e prazeroso.
A brincadeira tem um papel preponderante na perspetiva de uma aprendizagem exploratória, ao favorecer a conduta divergente, a busca de alternativas não usuais, integrando o pensamento intuitivo. Brincadeiras com o auxílio do adulto, em situações estruturadas, mas que permitam a ação motivada e iniciada pelo aprendiz de qualquer idade, parecem estratégias adequadas para os que acreditam no potencial do ser humano para descobrir, relacionar e buscar soluções (Kishimoto, 1998, p. 151).
De um modo bastante lógico, à partida todos sabemos que aquilo que fazemos resulta numa melhor aprendizagem, do que aquilo que apenas vemos ou ouvimos. (Franco & Ceballos, 2006, p. 31). Em forma de jogo a criança experimenta não só a ação, como também a trabalhar o currículo de português quando escreve o texto, quando tem que o ler para dramatizar, quando tem que compreender a oralidade face a uma dramatização, quando tem que se expressar oralmente perante uma plateia, e até mesmo perante os colegas do grupo, assim como, quando utiliza o conhecimento explícito da língua para que a sua dramatização esteja estruturada. Tudo isto é vivenciar o ensino do português, é dar coesão ao conhecimento, é brincar de modo estruturado com o que é necessário aprender. E quando se trabalha desta forma com as dramatizações, trabalha-se do mesmo modo com a música. Brincadeiras com poemas, lengalengas, danças de roda, melodias para interpretação, melodias para construção de canções, etc.
Este tipo de brincadeiras com a linguagem verbal favorece a iniciação da criança na consciencialização e análise de elementos e fenómenos linguístico-discursivos diversos, de forma lúdica e criativa, adequada ao seu nível cognitivo e às suas referências, interesses e motivações, devendo constituir-se uma estratégia ao serviço da aprendizagem da língua (Fialho, in Condessa, 2009, p. 127).
Segundo Ferraz, hoje, devido a todas as exigências delineadas pela trama social e política, “as atividades lúdicas e artísticas são afastadas do dia-a-dia escolar, em detrimento de actividades mais da era da ciência, das línguas, do digital e do convencional” (2011, p. 32).
Hoje toda a conjuntura exige aos professores resultados, estatísticas positivas, programas alargados que, de um modo ou de outro, fazem com que se atropelem coisas que são importantes para o desenvolvimento da criança. “ (Hannaford, 2008, p. 101).
Deveríamos utilizar a expressão dramática e musical como mediadores expressivos potenciadores do português. Assim, estes “poderiam servir de ponte para os alunos poderem exprimir livremente as suas ideias, sentimentos e emoções, ao mesmo tempo que teriam um excelente auxiliar técnico e pedagógico em todo o processo de ensino-aprendizagem” (Ferraz, 2011. p. 32).
“O pensamento vive da sua possibilidade de expressão, sendo que quanto maior for o número de instrumentos expressivos postos ao serviço do sujeito, maiores possibilidades terá o seu pensamento de se desenvolver, de se realizar ou agir” (Ferraz, 2011, p. 32), então nada melhor do que estimular o pensamento utilizando o potencial da música e da expressão dramática como mediadores expressivos para o ensino do português, conferindo desta forma uma construção de significados através de uma aprendizagem vivencial.
A música nas aprendizagens essenciais
Música é uma Arte presente em todas as culturas e no quotidiano dos seres humanos. É uma linguagem universal que assume uma muito singular forma de criatividade. A música é uma prática social comunicativa e expressiva. A partir do ouvir e através da produção sonora em conjunto do cantar, do tocar, do compor, do olhar, do escutar, as crianças e jovens dialogam e constroem significados, partilhando-os e transformando-os, enriquecendo assim as suas práticas e horizontes culturais, em consonância com as diferentes Áreas de Competências do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (PA). A música existe no conjunto, no fazer e partilhar com os outros, no dialogar, na pergunta-resposta, e em inúmeros pequenos rituais que fazem parte do nosso quotidiano coletivo.
A dança nas aprendizagens essenciais
A dança é uma forma de movimento expressivo. O conceito de Corpo Expressivo − enquanto veículo de mensagens, sentimentos e emoções −, a intencionalidade da linguagem e as relações interpessoais proporcionadas tornam a dança insubstituível numa perspetiva do desenvolvimento global e integrado dos alunos.
Estes domínios enquadram-se conceptualmente para facilitar a transversalidade das áreas do conhecimento, uma vez que proporciona o cruzamento entre conceitos e competências das diferentes artes, apesar das suas diferenças. Por exemplo, a interpretação de uma canção obriga a uma identificação e a um reconhecimento de elementos musicais, a reprodução de motivos e frases musicais e, simultaneamente, de escolhas de intencionalidades expressivas, sendo uma atividade onde se intercetam apropriação, interpretação e criação.
Concluímos que o português como objeto de estudo implica entender a língua como fator de realização, de comunicação, de fruição estética, de educação literária, de resolução de problemas e de pensamento crítico. É na interseção de diversas áreas que o ensino e a aprendizagem do português se vai consolidando.
A articulação com as diferentes áreas do saber vai facilitar no aluno a consolidação das aprendizagens pretendidas.
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